O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou em 0,75 p.p (ponto percentual) a Selic, nesta quarta-feira (5). Com o segundo aumento da Selic em 2021, após decisão unânime, a taxa básica de juros passa de 2,75% para 3,5% ao ano – reajuste que confirma as expectativas de especialistas no mercado financeiro.
Em março, a instituição já havia elevado a Selic em 0,75 p.p – a primeira alta em quase seis anos e com o objetivo de combater a inflação. O Banco Central antevê o mesmo aumento na próxima reunião, em junho.
A principal justificativa do Copom para o novo reajuste é o risco de velocidade da recuperação econômica no país e o possível prolongamentos das políticas fiscais negativas durante a pandemia de Covid-19 (entenda abaixo).
“O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, diz o relatório do Copom.
O órgão se reúne a cada 45 dias para discutir os juros básicos da economia, índice que vale para o igual período posterior à reunião.
O comunicado divulgado pelo Copom nesta quarta-feira aponta as seguintes observações para o segundo aumento da Selic em 2021:
“O risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”, diz o texto do Copom.
O comunicado indica também que “questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia”.
Segundo especialistas em investimentos da Ethimos, a nova elevação da taxa Selic reflete, principalmente, na alta das taxas bancárias e na rentabilidade de alguns investimentos de renda fixa, por exemplo. Entenda outros impactos neste conteúdo.
A próxima reunião do Copom para definir a taxa Selic está agendada para 15 e 16 de junho de 2021.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação e, por isso, um dos parâmetros para o ajuste é a meta inflacionária para o ano, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
A meta central da inflação em 2021 é de 3,75%, com tolerância do CMN de 1,5 p.p. acima ou abaixo. O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), que é a prévia da inflação oficial do país, desacelerou em abril e acumula alta de 2,82% no ano.
Um levantamento feito pela equipe de fundos da XP indica que a Selic deve fechar 2021 entre 4,5% e 6,5%, principalmente por causa das expectativas relacionadas à previsão para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que deve aumentar de 3,20% para 3,28%.
Você sabia que a taxa Selic é um dos principais e mais importantes indicadores econômicos da economia brasileira? O índice e as expectativas do mercado sobre os valores futuros têm grande importância nas estratégias de investimentos, por exemplo.
Em resumo, a Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, um sistema do Bacen (Banco Central do Brasil) em que se encontram registradas todas as operações de curtíssimo prazo realizadas por instituições bancárias e que envolvem títulos do Tesouro Nacional.
Nessas operações, os agentes utilizam os títulos públicos federais que possuem como garantia para o crédito de curtíssimo prazo que pegam emprestado. Como em todas as transações de crédito, os bancos também pagam juros para que possam financiar no curto prazo.
Nesse sentido, a média ponderada dos juros praticados entre as instituições representa a Taxa Selic efetiva. Por se tratar de uma modalidade de investimento com vencimento overnight (curtíssimo prazo), a Selic efetiva também ficou conhecida como Selic Over. Pelo tempo curto de negociação, Copom se reúne a cada 45 dias para definir a principal taxa de juros.
Nos 45 dias seguintes à definição da Selic, o Bacen atua comprando e vendendo títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional para interferir na oferta e na demanda desses investimentos. No caso de uma elevação da Selic, os títulos são vendidos com taxas maiores, elevando também o preço das operações entre bancos.
É importante dizer que o Bacen não emite títulos; essa função cabe ao Tesouro Nacional. A instituição atua apenas no controle da oferta e da demanda dos títulos no mercado negociando aqueles que já foram emitidos.
No curto prazo, em um cenário em que as taxas básicas de juros estão baixas, o crédito naturalmente se torna mais barato do que em outros momentos. Com isso, mais dinheiro circula na economia e, naturalmente, as pessoas passam a consumir mais.
Por outro lado, com o aumento da Selic e dos juros, o acesso ao crédito fica mais difícil, e a circulação da moeda no país, diminui, bem como o poder aquisitivo das famílias. Com isso, o consumo de produtos e serviços que puxam a alta da inflação também reduz.
A Selic impacta também o mercado de títulos públicos: elevações sucessivas da taxa de juros permitem que investidores passem a ter retornos melhores em aplicações menos arriscadas. O inverso também é valido.
Relatório produzido pela XP diz que, para este aumento da Selic, “não há consenso em relação à visão direcional de juros, e há gestores apostando tanto na alta dos juros futuros quanto na baixa dos juros futuros”.
Além disso, os impactos das altas e das baixas da taxa básica de juros na economia real também impacta o mercado de renda variável, já que o desempenho das empresas depende do consumo das famílias e do acesso ao crédito por empresários, por exemplo. Um aumento da Selic prejudica, muitas vezes, a atividade econômica das empresas.
No entanto, de acordo com relatório da XP, gestores de fundos multimercados mantêm apostas na valorização da Bolsa de Valores com o reajuste da taxa de juros.
Vale ressaltar que há outros fatores que direcionam o desempenho da economia. Embora o aumento do apetite por risco ou por ativos de renda variável ou renda fixa receba forte influência das taxas de juros, isso não é unicamente influenciado por elas.
Na Ethimos, um dos maiores escritórios da XP Investimentos, os especialistas dão as recomendações de investimentos de acordo com o atual cenário econômico, incluindo a atual taxa da Selic.
No mercado de moedas, os preços também são determinados pela oferta e pela demanda. Ou seja, ao aumentar a remuneração real (acima da inflação) paga ao investidor internacional, o Brasil aumenta a demanda por títulos públicos brasileiros negociados em reais. Isso provoca um aumento na demanda por reais no mercado internacional, fazendo com que seu valor se aprecie, e a relação de câmbio dólares por reais, caia. O oposto também é válido.
Segundo especialistas da Ethimos, o cenário internacional dos últimos anos mostra as economias desenvolvidas remunerando o investidor com rendimentos quase nulos para os títulos públicos emitidos. Dessa forma, os investidores passam a buscar por rentabilidade em países com retorno maior, porém com risco controlado.
Desde o final da década de 1990, a Taxa Selic no Brasil vem passando por um movimento de quedas. No entanto, em março de 2021, houve a primeira alta depois de quase seis anos.
Em comparação ao início do funcionamento do indicador, a Selic reduziu de 23,28% ao ano para o patamar atual de 2,75% ao ano. Esse movimento, no entanto, não fora linear: em períodos de maior instabilidade política, a taxa chegou a sofrer elevações, como 1997, quando atingiu a máxima histórica (45% a.a.) por alguns meses.
Em 1998, novas altas ocorreram, com os juros básicos brasileiros atingindo novamente os 40%.
De 2005 para cá, já com uma estabilidade política relativamente maior, a taxa Selic sofreu cortes menos acentuados, voltando a se elevar apenas durante a crise econômica que se instalou no país a partir de 2012 – momento em que a inflação tornou a atingir dois dígitos anuais – e em 2020, com o avanço da pandemia de Covid-19.
Os valores definidos pelo Copom para a Selic podem ser consultados no site do Bacen a qualquer momento.
Converse com um especialista e invista melhor de acordo com a atual taxa Selic em 3,5% ao ano.
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